quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Chuva de verão

 

Caiu como chuva de verão na minha cabeça preocupada.
Veio quando eu não estava esperando, sem meu guarda-chuva de frases prontas na mochila.
Chuva forte, vinda de longe, longe, intensa, alaga tudo e o que se pode fazer é acender um cigarro e observar, de olhos arregalados.
O mundo, seco, difícil de respirar, de repente está transformado;
o asfalto, antes quente e inóspito, de repente reflete todas as luzes do mundo.
Duas semanas.
A chuva acabou.
O sol quer castigar de novo.
Sobrou só a lembrança.
Impossível ter a chuva para si.
Posted by Picasa

I love you but...

Do divã no boteco do Escobar....

Direto do país da frase pronta: "o amor é capaz de superar tudo". Uma grande burrice popular, como todos sabemos e provavelmente já sentimos na pele, não importando muito em que lado do pé na bunda estejamos. Tenho pensado ultimamente justamente sobre isso.
No grande multiverso dos relacionamentos humanos, amor é simplesmente mais um fator a ser considerado, no meio dos outros milhões que formatariam o hardware de uma relação. Histórias amorosas pregressas, família, religião, pode colocar tudo nesse saco. Nesse raciocínio, o amor ainda pode existir no fim de um relacionamento, o que normalmente só ajuda a complicar tudo. Convenhamos, se o amor acaba (e se acaba, acaba sempre de um lado primeiro. A segunda pessoa é simplesmente informada) as coisas ficam mais claras e simples (não necessariamente mais fáceis): eu não te amo mais, tenha uma boa vida.

Se o amor que existia antes ainda está lá, metamorfoseado em alguma coisa nova que seja, o embaço generalizado está automaticamente instalado. I love you but..... O but é a grande sacada nesse caso. O but vai ser o que vai te fazer perder o sono, ficar visualizando todas as milhares de possibilidades que poderiam ter acontecido, aquela pulga na sua orelha dizendo o quanto você poderia ter feito as coisas de um jeito diferente e, de novo, não importa se você entrou com o pé ou com a bunda.

Temos sempre a tendência em simpatizar com o perdedor, com o que está por baixo. Talvez pela pretensa sensação de superioridade ou alívio que sentimos ao perceber que não somos nós quem estamos naquela situação naquele momento - a nossa dor sempre dói muito mais, não? - e, do alto do nosso morrinho de experiência e sabedoria, podemos exercer nossa compaixão com o necessitado do momento. O que tenho pensado nos últimos dias é como lidar com o suposto "vencedor" de um combate desses, o que mandou o outro passear, o que teve coragem de terminar um relacionamento moribundo, o que saiu andando. A dor também está lá nesse caso, caso alguém queira saber. E esse terminar muitas vezes vem acompanhado, além do supracitado amor, da vergonha de ter desistido, de ter sido o fraco. O chutado não tem muita escolha além de aceitar sua sina, afinal.

Volto nesse assunto em breve. A idéia é alimentar mais e melhor esse meu cantinho de idéias.