sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Fugindo


Tomando uma gelada no bom e velho Section 8, fugindo da correria das compras de Boxing Day.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Where the Wild Things Are



Uma das minhas tiras favoritas de Calvin e Haroldo é uma de página inteira sobre a solidão. Ele aparece no primeiro quadrinho chamando sua mãe para seu quarto, para ajudá-lo a impedir uma iminente invasão alienígena que está prestes a acontecer. Ela, ocupada com alguma tarefa doméstica, concorda, distante, mas não vai checar a veracidade da notícia transmitida; o segundo é parecido, agora com o pai alegando falta de tempo e pedindo para deixá-lo sozinho que o “papai precisa trabalhar” ou algo assim. O restante da página é uma ilustração belíssima de Calvin, sentado à janela de seu quarto olhando para fora, triste e sozinho, a magnífica paisagem alienígena, cheia de cores, discos voadores, dinossauros e buracos negros, que se exibe à sua frente.

Na edição que li, tinha uma nota do autor, Bill Watterson, dizendo no rodapé algo como: “Nunca entendi muito bem essas pessoas que se referem à infância como esse lugar mágico e maravilhoso, sem falha alguma ou sofrimento”.

Nem eu.

Assisti a Where the Wild Things Are e reconheci imediatamente o mesmo tema, certamente de forma mais trágica e escura, olhando para Max, o personagem principal do filme, de aproximadamente 10 anos. Enxerga-se nele a mesma solidão, frustração e raiva com as ambigüidades do convívio social que temos que engolir, com a falta de atenção das pessoas que ama, com o fato de estar sozinho no mundo, com a possibilidade do sol morrer a qualquer momento. Com o tempo aprendemos a lidar com todos esses sentimentos confusos com os quais somos obrigados a conviver diariamente – dizem que isso se chama crescer: aprendemos a sorrir para algumas pessoas quando na verdade queremos agredi-las, aprendemos que conceitos como certo e errado são tão elásticos e flexíveis como os queremos que sejam, descobrimos que não importa o quanto queiramos, algumas coisas simplesmente não podem ser mudadas e a única coisa que podemos fazer é aceitá-las como são. Max compensa com a sua imaginação a falta de um aparato psicológico mais sofisticado para existir em uma realidade que muitas vezes não faz muito sentido. Ele decide ir para uma terra onde o mundo é obrigado a fazer sentido se ele assim exigir. Um mundo povoado de coisas selvagens como ele, onde ele é o rei, tudo lhe pertence e todos são seus leais súditos.

As criaturas que ele conhece e o introduz ao seu novo reino são tão complexas, confusas e assustadas quanto Max e quanto todos nós. As criaturas decidem proclamar, não unanimemente, Max o seu novo rei – ao invés de comê-lo como eles normalmente fariam – para que ele resolva magicamente todos os seus problemas, como “manter a tristeza longe” e fazê-los simplesmente felizes. E qual é a surpresa de Max ao descobrir que, mesmo em seu reino, relacionar-se com as pessoas (pessoas?) ao nosso redor não é tão simples quanto ele gostaria que fosse.

No aspecto técnico, o filme é impecável. Esqueça toda a parafernália 3D: aqui as coisas selvagens são reais como eu e você – e como Max. Claro que muita computação gráfica foi utilizada para gerar as expressões das criaturas tiradas dos rostos dos atores que as interpretam, com resultados fantásticos, mas as criaturas são reais da maneira que são captadas no filme. E Max Records, o ator que interpreta Max, cria um novo patamar de interpretação para atores infantis.

Não é um filme para crianças. É um filme sobre ser criança, ou pelo menos sobre alguns aspectos da infância de todos nós, de um ponto de vista mais maduro e, juro, realista. Alguns diriam mais pessimista e niilista, o que também não estaria muito longe da verdade. O fato é que realmente não é nada parecido com a visão idílica, mágica e boa de vender das Disneys da vida.




PS1: James Gandolfini empresta sua voz e expressões para Carol, uma das criaturas. Que legal que é ver aquele bichão enorme, puto com tudo e todos, falando e agindo como Tony Soprano.

PS2: Acho que se fosse para meus filhos, eu provavelmente apresentaria as versões family-friendly da Disney mesmo. Eles terão bastante tempo para descobrir o lado escuro da vida por si mesmos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Trying to make my way home


Tom Waits tries to tell me some rough facts of life in my headphones while the St Kilda's ghosts politely ignore me during my sleepy way home.