sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Minha trilha sonora em 2011

Eu gosto mil vezes mais do Last.fm do que do Facebook.  Eu acredito que se você realmente quiser conhecer alguém, uma olhada no que ela gosta de escutar - se é que gosta de escutar alguma coisa - já diz bastante sobre ela.

Toda a preguiça que eu tenho com o Facebook, de "fulano likes this", correntes, videozinhos engraçadinhos, uns protestos idiotas, todo mundo feliz e sorridente ou indignado com "esses absurdos todos que estão por aí" me falta na hora de ficar fuçando no Last.  Ali sim eu perco meu tempo deixando meu perfil atualizado.

Agora que o ano termina, segue abaixo o 10 discos que eu mais escutei durante esse ano esquisito que foi 2011:

1.  Danger Mouse & Daniele Luppi - Rome (347 execuções)

Danger Mouse é o cara e 2011 foi um ano muito bom para ele.  Além desse Rome, ele ainda produziu El Camino, do Black Keys, que acabou de sair e é bom demais também.  Provavelmente só não entrou nessa lista aqui por falta de tempo.
Rome é a fictícia trilha sonora de um filme imaginário de Sergio Leone que nunca foi filmado.  É spaguetti western e não é.  É retrô e não é.  É instrumental, é pop e é foda!  É o melhor disco desse ano, na minha opinião.
Jack White - outro para quem 2011 fez muito bem - e Norah Jones, aquela linda, emprestam suas vozes para algumas faixas.

Faixa favorita: Two Against One


2.  Renato Godá – Canções Para Embalar Marujos  (204 execuções)


Esse não é desse ano, é de 2010, mas eu continuo escutando da mesma maneira desde então.  Renato Godá é um cara de muito bom gosto, para os arranjos, os timbres, as atmosferas de suas canções e de suas letras.  É um disco que presta homenagem ao mestres como Leonard Cohen, Tom Waits e Serge Gainsbourg mas ainda mantém a cabeça erguida com personalidade e luz própria.
Diz que em 2012 sai o disco novo.  Aguardo ansiosamente.

Faixa favorita: A Cem Por Hora


3.  Paolo Nutini – Sunny Side Up (198 execuções)


Disco de 2009.  O segundo do moleque escocês com nome italiano e descrito pela crítica da época como um "suicídio comercial", aqui ele cria uma personalidade única na interpretação das canções, num sotaque às vezes irreconhecível, numa divisão silábica toda quebrada e nuns timbres esquisitos às vezes, mas que, depois de algumas escutadas, vira ouro puro.

Faixa favorita: Candy


4. The Black Keys – Brothers  (165 execuções)


Provavelmente a melhor banda por aí no momento, numa fase fantástica.  Esse ano lançaram El Camino e em 2010 foi a vez desse Brothers, dois puta discos.  Com a banda formada apenas por um baterista e um guitarrista, o som que sai é moderno e atemporal, com uma pegada blueseira e garageira assobiável e fácil de bater o pezinho junto.  Além de seguirem muito bem a cartilha Foo Fighters de clipes-engraçadinhos-bem-feitos-pra-cacete.  Clássico!

Faixa favorita: Howlin' for You


5.  The National – High Violet  (149 execuções)


Pensando melhor, acho que passei 2011 escutando muita coisa de 2010.  Que pouco moderno.
Esse disco também é incrível.  É o canto do macho perdido no século 21.  A voz de barítono de Matt Berninger, com aquele eco de Joy Division e aquele baixão pós-punk e letras ao mesmo tempo muito pessoais e bastante crípticas, traz para os anos 10 aquela urgência, confissão e dúvida de uma maneira sincera e direta.  Pra pensar na vida pela janela do carro.

Faixa favorita: Sorrow


6.  Mumford & Sons – Sigh No More  (146 execuções)

Outro disco "velho" que tem rolado non stop desde 2009 e a banda que eu tive o grande prazer de assistir ao vivo.  Sigh No More é daqueles discos de colocar embaixo do travesseiro.  É o disco de estréia deles, com letras inteligentes, uma banda nova mas com personalidade de veterana, arranjos folk mas sem ser cabeçudo ou "olha-como-somos-bacanas-e-gostamos-de-bob-dylan".  Foi a banda que fez o banjo ser legal.
Eles estão enrolando com o disco novo faz tempo.  Torço demais para eles não fazerem nenhuma cagada e estragarem uma carreira que tem tudo para ser brilhante.

Faixa favorita: Roll Away Your Stone


7. Criolo – Nó na Orelha  (129 execuções)


Polêmico pelos motivos errados, sem dúvida esse foi um dos melhores discos brasileiros do ano.  As picuinhas da "nova cena" ou "novos movimentos sambinhas" devem ser ignorados e o disco escutado com atenção.  A produção fodaça de Daniel Ganjaman faz a cama para Criolo criar um som estiloso sem se prender a muitos rótulos ou estilos, embora a linguagem e a estética do rap meio que criam a unidade do disco inteiro.

Faixa favorita: Subirusdoistiozin


8 . Ray LaMontagne and the Pariah Dogs – God Willin' & The Creek Don't Rise  (118 execuções)


Outro disco de 2010.  Ray LaMontagne é daqueles cantores que realmente sabem cantar.  Sua voz é carregada de sentimento e profundidade e ele sabe colocá-la para fazer a canção funcionar.  Dessa vez ele se juntou ao Pariah Dogs e foi juntar a fome com a vontade de comer.  Aqui ele sai um pouco do folk introspectivo que ele normalmente pratica e vai respirar novos ares.

Faixa favorita: Beg Steal or Borrow


9. Aloe Blacc – Good Things  (110 execuções)


Esse Aloe Blacc é daqueles caras que são tão talentosos que dão até raiva.  Naquela linha de caras como Marvin Gaye e Isaac Hayes, aqui ele mostra que aprendeu bem com os mestres e dá uma aula da canto, arranjos sofisticados e bom gosto na escolha de repertório.  As canções de amor intercalam-se com as de críticas sociais, sem nunca cair no óbvio ou no panfletário.

Faixa favorita: You Make Me Smile


10.  Karen Elson – The Ghost Who Walks  (107 execuções)


Eu disse que 2011 tinha sido um ano tão bom para o Jack White pós-White Stripes que até o disco da ex-mulher, que ele produziu, escreveu letras e tocou bateria, é excelente!  Karen Elson é muito muito gata, muito estilosa e sua voz se encaixa perfeitamente na atmosfera do disco e das canções que ela interpreta.  Jack White cria aquela atmosfera retrô-analógica-muderna com uma personalidade que fazia tempo que ele não demonstrava.  Difícil saber se a moça sobrevive a um segundo disco sem o ex-maridão, mas de qualquer forma, The Ghost Who Walks é uma prova indiscutível de talento da supermodel.

Faixa favorita: 100 Years From Now

E em 2011?  O que você escutou de bom?