terça-feira, 24 de março de 2009

Cada vez mais igual

Já me chamaram de inseguro, um defeito, e já escutei que me achava, e que isso não era bom.
Já disseram que o meu problema era que eu era muito profundo o tempo inteiro: "a vida tem que ser mais leve, cara".
Já ouvi também que eu deveria dar mais atenção para o que importava, que levar a vida na flauta não me daria futuro algum.
Muita brincadeira, Escobar!
Muito sério, Escobar.
Com algumas moças, me senti o Johnny Depp. Com outras, o Mr. Bean.
Com outras, fui o Woody Allen. Com outras ainda, o Rocco.
Já brinquei de conquistador à moda antiga, dos que mandam flores e bonbons e já brinquei de malandro, "deixa a moça se preocupar um pouco".
Já disseram que eu precisava perder peso e, dias depois, me disseram que eu estava muito magro.
Já fiz muito drama e já fiz muita comédia.
Já me importei muito demais com todo mundo: "pensa mais em você, querido", e outro dia, pasmo, escutei: "você gosta de alguém nessa vida?".
Já fui cabeludo e já raspei a cabeça.
Já estive contra e já estive a favor.
Já fui metódico e já fui caótico.
Já li revista VIP e já li Dostoievski.
Dalai Lama e Bukowski ao mesmo tempo.
Já fui no psicólogo, no enólogo, no teólogo e no astrólogo.

Engraçado. Quanto mais eu mudo, mais eu continuo o mesmo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

- Você ficou quieto.
- Nada, não. Estou te ouvindo.
- Voce entende o que estou dizendo? Faz sentido?
- Faz todo o sentido.
- Você acredita em mim?
- ...
- Você acredita em mim?
- Absolutamente em nenhuma palavra.
- ...
- Não se preocupe. Isso nunca foi um problema antes, foi?