terça-feira, 24 de março de 2009

Cada vez mais igual

Já me chamaram de inseguro, um defeito, e já escutei que me achava, e que isso não era bom.
Já disseram que o meu problema era que eu era muito profundo o tempo inteiro: "a vida tem que ser mais leve, cara".
Já ouvi também que eu deveria dar mais atenção para o que importava, que levar a vida na flauta não me daria futuro algum.
Muita brincadeira, Escobar!
Muito sério, Escobar.
Com algumas moças, me senti o Johnny Depp. Com outras, o Mr. Bean.
Com outras, fui o Woody Allen. Com outras ainda, o Rocco.
Já brinquei de conquistador à moda antiga, dos que mandam flores e bonbons e já brinquei de malandro, "deixa a moça se preocupar um pouco".
Já disseram que eu precisava perder peso e, dias depois, me disseram que eu estava muito magro.
Já fiz muito drama e já fiz muita comédia.
Já me importei muito demais com todo mundo: "pensa mais em você, querido", e outro dia, pasmo, escutei: "você gosta de alguém nessa vida?".
Já fui cabeludo e já raspei a cabeça.
Já estive contra e já estive a favor.
Já fui metódico e já fui caótico.
Já li revista VIP e já li Dostoievski.
Dalai Lama e Bukowski ao mesmo tempo.
Já fui no psicólogo, no enólogo, no teólogo e no astrólogo.

Engraçado. Quanto mais eu mudo, mais eu continuo o mesmo.

2 comentários:

Daniel Escobar disse...

Cara, com a devida licença, gostaria de publicar esse teu texto lá no Sierra Maestra. Ta do caralho! Por falar em mudar, meu irmão....em que bandas tu anda? Manda um sinal de fumaça!

Abraços brother

Leila Escobar disse...

Enquanto lia seu texto visualizei você exatamente como você é, uma pessoa deliciosa de se ter por perto, com conflitos, inseguranças, bom humor, mal humor, total segurança, perdido, achado, fala de leis e razões e fala sobre abobrinhas também, sinto falta das abobrinhas....
O texto esta maravilhoso primo.
Copiando o Dani...manda um sinal de fumaça, caramba.

beijão