"...todas as atrações que uma versão prudente, mas versátil, desse misto de surpresa e fugacidade que normalmente se chama vida..."
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
Where the Wild Things Are

Uma das minhas tiras favoritas de Calvin e Haroldo é uma de página inteira sobre a solidão. Ele aparece no primeiro quadrinho chamando sua mãe para seu quarto, para ajudá-lo a impedir uma iminente invasão alienígena que está prestes a acontecer. Ela, ocupada com alguma tarefa doméstica, concorda, distante, mas não vai checar a veracidade da notícia transmitida; o segundo é parecido, agora com o pai alegando falta de tempo e pedindo para deixá-lo sozinho que o “papai precisa trabalhar” ou algo assim. O restante da página é uma ilustração belíssima de Calvin, sentado à janela de seu quarto olhando para fora, triste e sozinho, a magnífica paisagem alienígena, cheia de cores, discos voadores, dinossauros e buracos negros, que se exibe à sua frente.
Na edição que li, tinha uma nota do autor, Bill Watterson, dizendo no rodapé algo como: “Nunca entendi muito bem essas pessoas que se referem à infância como esse lugar mágico e maravilhoso, sem falha alguma ou sofrimento”.
Nem eu.
Assisti a Where the Wild Things Are e reconheci imediatamente o mesmo tema, certamente de forma mais trágica e escura, olhando para Max, o personagem principal do filme, de aproximadamente 10 anos. Enxerga-se nele a mesma solidão, frustração e raiva com as ambigüidades do convívio social que temos que engolir, com a falta de atenção das pessoas que ama, com o fato de estar sozinho no mundo, com a possibilidade do sol morrer a qualquer momento. Com o tempo aprendemos a lidar com todos esses sentimentos confusos com os quais somos obrigados a conviver diariamente – dizem que isso se chama crescer: aprendemos a sorrir para algumas pessoas quando na verdade queremos agredi-las, aprendemos que conceitos como certo e errado são tão elásticos e flexíveis como os queremos que sejam, descobrimos que não importa o quanto queiramos, algumas coisas simplesmente não podem ser mudadas e a única coisa que podemos fazer é aceitá-las como são. Max compensa com a sua imaginação a falta de um aparato psicológico mais sofisticado para existir em uma realidade que muitas vezes não faz muito sentido. Ele decide ir para uma terra onde o mundo é obrigado a fazer sentido se ele assim exigir. Um mundo povoado de coisas selvagens como ele, onde ele é o rei, tudo lhe pertence e todos são seus leais súditos.
As criaturas que ele conhece e o introduz ao seu novo reino são tão complexas, confusas e assustadas quanto Max e quanto todos nós. As criaturas decidem proclamar, não unanimemente, Max o seu novo rei – ao invés de comê-lo como eles normalmente fariam – para que ele resolva magicamente todos os seus problemas, como “manter a tristeza longe” e fazê-los simplesmente felizes. E qual é a surpresa de Max ao descobrir que, mesmo em seu reino, relacionar-se com as pessoas (pessoas?) ao nosso redor não é tão simples quanto ele gostaria que fosse.
No aspecto técnico, o filme é impecável. Esqueça toda a parafernália 3D: aqui as coisas selvagens são reais como eu e você – e como Max. Claro que muita computação gráfica foi utilizada para gerar as expressões das criaturas tiradas dos rostos dos atores que as interpretam, com resultados fantásticos, mas as criaturas são reais da maneira que são captadas no filme. E Max Records, o ator que interpreta Max, cria um novo patamar de interpretação para atores infantis.
Não é um filme para crianças. É um filme sobre ser criança, ou pelo menos sobre alguns aspectos da infância de todos nós, de um ponto de vista mais maduro e, juro, realista. Alguns diriam mais pessimista e niilista, o que também não estaria muito longe da verdade. O fato é que realmente não é nada parecido com a visão idílica, mágica e boa de vender das Disneys da vida.
PS1: James Gandolfini empresta sua voz e expressões para Carol, uma das criaturas. Que legal que é ver aquele bichão enorme, puto com tudo e todos, falando e agindo como Tony Soprano.
PS2: Acho que se fosse para meus filhos, eu provavelmente apresentaria as versões family-friendly da Disney mesmo. Eles terão bastante tempo para descobrir o lado escuro da vida por si mesmos.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Protection – Massive Attack
She don't believe anyone can help her
She's doing so much harm, doing so much damage
But you don't want to get involved
You tell her she can manage
And you can't change the way she feels
But you could put your arms around her
I know you want to live yourself
But could you forgive yourself
If you left her just the way
You found her
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
You're a boy and I'm a girl
But you know you can lean on me
And I don't have no fear
I'll take on any man here
Who says that's not the way it should be
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
She's a girl and you're a boy
Sometimes you look so small, look so small
You've got a baby of your own
When your baby's gone, she'll be the one
To catch you when you fall
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
You're a girl and I'm a boy [x4]
Sometimes you look so small, need some shelter
Just runnin' round and round, helter skelter
And I've leaned on me for years
Now you can lean on me
And that's more than love, that's the way it should be
Now I can't change the way you feel
But I can put my arms around you
That's just part of the deal
That's the way I feel
I'll put my arms around you
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
I stand in front of you
I'll take the force of the blow
Protection
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Hurt Sonnet
Because of the no one that you are must crack in empire's dirt that clings, time wields its lash to seal your gaping's hole with sightless black.
The tuning of those keys and strings unbinds his voice to disappear in other minds.
Justin Clemens / East Brunswick / Lecturer / 40
Li isso no trem outro dia.
Estava colado na parede, ao lado do mapa que indicava as linhas, conexoes e destinos de todos nos ali em silencio, enquanto eu ouvia Johnny Cash no iPod.
Cabeca longe, paisagem de filme noir la fora. Todos os tons de cinza eram borrados pela velocidade do trem - ou do pensamento?
Era trazido de volta ao meu assento por sons de Bollywood vindos de celulares barulhentos.
The next station is: Southern Cross.
Ok, then.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Museu de Grandes Novidades
Comparar um macaco a uma “de menor”, que crueldade, cadê o Estatuto da Criança e do Adolescente? Então compararemos Ujian com quem sabe (e precisa) se defender: o Coldplay. Bem, o animal não será acusado de plágio. Agora confrontemos o orangotango ao furacão Susan Boyle: coitada, Ujian é muito mais sexy.
A conclusão é que o macaco é mais interessante do que qualquer fenômeno pop recente, mas quem vai assumir esse mico? Ninguém, tanto que a apresentação musical do último Super Bowl, a maior audiência televisiva dos EUA, foi do Bruce Springsteen. E os shows de maior destaque do concorrido festival Coachella foram os de Paul McCartney, Morrissey e Leonard Cohen. O que eles têm em comum? Fora o fato de somarem 250 anos de idade? Bono explica.
Certa vez, comentando o impacto dos últimos discos que Johnny Cash gravou, debilitado e doente, Bono veio com a teoria de que Elvis Presley chocou o mundo com as suas reboladas porque foi o primeiro jovem num cenário dominado por velhos. Mas o tempo passou e a situação ficou tão excessivamente juvenil que o surgimento de alguém com coragem para tratar de temas sérios, como a iminência da morte, causa o mesmo impacto do rei.
Pois é, apesar da babaquice política, Bono é, antes de tudo, um grande fã de rock e eu estou com ele. Neste cenário repleto de macacos e maísas, muito louco é pirar o cabeção no Leonard Cohen, um senhor de 74 anos que só veste terno e gravata, passou os últimos 15 anos sem fazer uma turnê sequer (não é muito louco?) até lançar um aclamado disco ao vivo no qual conversa com a platéia: “Eu estava bebendo com o meu mentor... ele tem 102 anos hoje, mas tinha 97 na época. [Aqui o público ri] Eu lhe preparei um drinque, nós brindamos e ele disse: ‘Me desculpe por não morrer’. Eu estou me sentindo do mesmo jeito agora”. E a multidão ri de novo, desajeitada, sem saber se era para ter rido antes, completamente desconcertada pela seriedade avassaladora de Cohen, uma seriedade muito mais impactante que qualquer macaquice que nos acostumaram a ver por aí. Uma seriedade tão chocante quanto foi um dia a pélvis do Elvis.
E ainda tem gente que não consegue entender como é que o Bob Dylan chegou ao primeiro lugar das paradas britânicas desbancando Lady Gaga, Beyoncé, Kings of Leon e Pussycat Dolls.
Miguel Sokol
(Originalmente publicada na revista Rolling Stone Brasil, junho de 2009)
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Um sopro de verdade

O que sempre me atraiu em música – e na vida em geral – é uma busca por algum tipo de verdade. Como o Elvis Costello já disse antes: “a verdade não pode te machucar, ela é como a escuridão. Te assusta no começo mas depois você enxerga as coisas com clareza e objetividade”. Sem desmerecer ninguém, nunca me interessei por intérpretes, por exemplo. Sempre achei esquisito usar as palavras e os arranjos de outra pessoa para expressar sua própria visão de mundo. É um pouco o que eu faço com freqüência por aqui, mas nunca tive nenhuma pretensão artística com esse meu cantinho solitário de idéias.
Talvez por isso meus heróis sempre foram aqueles que conseguiram criar o seu próprio universo de canções, usando seus próprios sentimentos e histórias para construir um mundo que faz sentido para quem os escuta, um espelho que nos faz enxergar quem somos, quietos com nossos headphones.
Comprei um CD esses dias chamado Sweet Jardim, de uma moça chamada Tiê, daqui de São Paulo. Vi uma resenhinha sobre o disco num site qualquer, com uma foto dela ao lado do texto. Admito que mulher bonita sempre tem automaticamente minha atenção – e a moça é linda! O texto trazia um breve currículo dela, a “nova sensação da MPB dessa semana” e algumas linhas sobre o disco. Fiz uma anotação mental e deixei para lá. Provavelmente ela já é bem conhecida no mundinho alternativo-cultural paulistano, mas como não moro nessa cidade tem algum tempo, perdi todo o hype-Ilustrada em torno da moça. Graças a Deus.
Tem muito tempo que não aparece nada que me interessasse em música brasileira. Justamente por estar sempre em busca de algo que me dissesse algo, alguém que se mostrasse real, sem frescuras e sem recalques, fazia muito tempo que não ouvia nada que me chamasse atenção. Que me perdoem os puristas verde-amarelos, mas a coisa está feia na terra dos sabiás: bandinhas emo de uns moleques remelentos de franjinha que não sabem sequer fazer um refrão decente, que o máximo de erudição musical começa com Red Hot e termina com Linkin Park; bandinhas pseudo-intelectualóides-tropicalistas-antropofágicas-barbudas-de-merda, requentando um som e uma estética que foi transgressor 40 anos atrás e acham que tudo é muito novidade; e o pior, as divas! Essa praga de intérpretes femininas, sempre com os mesmos arranjos cafonas, trejeitos viciados de décadas atrás, cantando sempre as mesmas malditas canções dos sempre mesmos Renatos Russos, Cazuzas, Chicos e Caetanos.
E no meio desse bode todo com a ceninha local, me cai nas mãos essa pequena jóia.
Tiê não quer reinventar a roda, não faz som para ser cult. Não quer ser a nova Elis Regina. Não regravou Zeca Baleiro ou qualquer outra desgraça dessas. Seu disco é composto por 10 pérolas de sua própria autoria, arranjos simples e lindíssimos ao violão, com um piano e um violino aparecendo aqui e ali. As letras são diretas - confessionais, dizem - sem joguinhos de palavras concretas-toscas ou qualquer outro artifício para parecer inteligente. E, lembrando, com a exceção de uma música em inglês e outra em português e francês, todas as músicas são em português. Fica mais difícil de disfarçar qualquer bobagem na nossa língua pátria, não?
Eu não me interesso por artistas, eu me interesso por pessoas que fazem arte. Tiê se mostra inteira, com todas as dúvidas, arrependimentos, dores e delícias que formam todos nós, um ponto em comum com todos que eu admiro, de Leonard Cohen a Johnny Cash, de Bruce Springsteen a Tom Waits.
(Um detalhe que me fez gostar mais ainda da moça: numa entrevista dela que vi no YouTube, ela cita Tom Waits e do quanto gosta de lavar louças ouvindo Closing Time. É o meu disco favorito do momento, descoberto recentemente, e realmente é a melhor trilha sonora para esse tipo de trabalho doméstico, absorto em si mesmo e nos pratos sujos).
Tiê não revolucionou nada e penso que nem tem essa pretensão. Seu disco de estréia é lindo, verdadeiro em sua simplicidade. Vale com certeza muitas ouvidas, esse é daqueles discos que te fazem companhia, com cada palavra e nota colocadas no lugar certo e que acham espaço e sentido em nossas próprias histórias. Foda-se se vai ganhar alguma coisa da APCA – ainda existe isso? – ou se ela vai virar a “next big thing”. Espero que não. Torço para ela continuar procurando a sua voz e a sua verdade. E que continue sentindo essa necessidade de compartilhar com o resto de nós esses fragmentos de sua vida.
Uma das minhas favoritas do disco: Assinado Eu.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
I believe in pop music
Uma canção simples, com arranjos mais simples ainda, escrita provavelmente por alguém jovem, sem grandes aspirações estéticas ou artísticas, num espaço de tempo ridiculamente curto de três minutos e pouco, subitamente te transporta para outro lugar. Você consegue se enxergar naqueles versos simples. De repente, numa nova canção descoberta, é possível enxergar sentido em um monte de coisas que ficam rodando na sua cabeça durante todo o resto do tempo quando se está no mundo real. De Marvin Gaye a Daft Punk, de Johnny Cash a Nirvana. Zeca Pagodinho, Radiohead, Arctic Monkeys, Chemical Brothers ou Fiona Apple, tanto faz.
Claro que essa identificação é possível de ser encontrada em qualquer manifestação artística e, normalmente, o que se vê numa determinada peça de arte diz muito mais sobre o observador do que sobre o artista: um Rorschach feito de timbres de guitarras, tintas coloridas e processadores de texto.
Compartilhando o momento da última "descoberta":
Ziggy Marley - True to Myself
quinta-feira, 11 de junho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Pensando
Pensei em voltar.
Pensei então em ficar entre essas duas possibilidades.
Pensei que não era possível e que devia pensar em alguma coisa nova.
Pensei, pensei...
E nada.
Pensei em correr. Depois pensei em me esconder. Existe algum esconderijo pro pensamento?
Pensei no passado. Não consegui pensar no futuro. Isso é o presente, então?
Pensei então que deveria parar de pensar.
Pensar demais não estava ajudando.
Penso que não está funcionando muito.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Quando conhecemos alguem intimamente - ou achamos que conhecemos, que da na mesma - toda aquela experiencia acaba fazendo parte de voce. Aquela pessoa acaba fazendo parte da sua historia de maneira indelevel. Podem ser anos, semanas ou uma noite, nao importa muito, mas aquela lembranca acaba impregnada em voce e saber que voce nao tera novas lembrancas doi demais.
Cada separacao e uma pequena morte e, como a propria, atinge diferentemente cada um de nos. Uns fingem que nao e nada, e assim mesmo e bola pra frente. Em outros, ela atinge como um tapa na cara ou areia nos olhos.
Separacoes, contudo, fazem parte da vida como o dia e a noite. Seria impraticavel viver sem deixarmos algumas coisas para tras durante o caminho, a bagagem ficaria pesada demais. Mas nunca e facil.
E nao esta ficando mais facil com os anos.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Em breve, em um cinema dentro de você
Mas gostava mais ainda era de dirigir e editar sua própria vida no videoteipe de sua memória. Era ali onde ele mandava e desmandava. As lembranças eram obrigadas a servir a seus caprichos e a aparecer da maneira que melhor lhe convinha. No estúdio de sua memória, novas cores eram lançadas sobre personagens apagados, a maquiagem era corrigida, a trilha sonora correta era inserida, pontuando os momentos de maior dramaticidade ou dando um alívio cômico quando necessário.
Era um diretor autoral, um Woody Allen ou um Bergman de sua própria existência. As protagonista eram invariavelmente as mulheres que passaram por seu set e a trama sempre rodava ao redor das interações entre essas femme fatales e o personagem que representava, que sempre mudava de acordo com o tipo de filme que gostaria de ter na videoteca de seu cérebro. Dramas, comédias românticas, suspense e até alguns documentários sobre algumas esquisitices já estavam catalogados por seção na sua Blockbuster particular.
Claro que os subplots tinham sua importância e os personagens secundários também tinham seus momentos de brilhar mas, ele próprio admitia, eram sempre elas quem tinham as melhores falas, figurinos, além do próprio trailer e camarim. Ele fazia questão de providenciar tudo: como na filmagem daquele clássico com aquela atriz loira, linda, linda, hipnotizantes olhos azuis - que ficavam mais lindos ainda em cena - que representava a moça do interior, politizada e brigando por seu lugar ao sol na selva de pedra. A diva queria tudo, de centenas de toalhas brancas a M&M's vermelhos. Ele entregou tudo isso sorrindo, além do próprio orgulho e vaidade, que nem estavam no contrato. Não se importou em dar um extra para agradar sua estrela do momento.
Detestava quando sua autocinebiografia era confrontada pela tal realidade cinza e chata. "Aquela cena do beijo tinha sido perfeita: o enquadramento, a luz estavam perfeitos, o cenário era bastante adequado, o crescendo emocional que resultou naquela tensão no clímax. Estava até tocando Marvin Gaye, cacete!!". E às vezes vinha a versão oficial: "Dois bêbados com tesão se agarrando na rua". Relutava em aceitar isso, era simples demais, bobo demais. Ele se considerava o Don Corleone, o William Wallace ou o Vincent Vega de seus dramas pessoais. E suas estrelas eram suas próprias Mias Wallaces, Celines ou Clementines Kruczynskis, com toda a profundidade, drama e conflitos que sua existência exigia.
Ele continua assim até hoje. Diz que está montando o cast de sua próxima produção, tem avaliado algumas atrizes e trabalhando mais no roteiro - ele acha que tem furos demais que se chocariam com seus trabalhos prévios.
É o que ele faz melhor: seus próprios filmes, para a exigente platéia de si mesmo.
domingo, 26 de abril de 2009
I hope that I don't fall in love with you
Well I hope that I don't fall in love with you
'Cause falling in love just makes me blue,
Well the music plays and you display your heart for me to see,
I had a beer and now I hear you calling out for me
And I hope that I don't fall in love with you.
Well the room is crowded, people everywhere
And I wonder, should I offer you a chair?
Well if you sit down with this old clown, take that frown and break it,
Before the evening's gone away, I think that we could make it,
And I hope that I don't fall in love with you.
Well the night does funny things inside a man
These old tom-cat feelings you don't understand,
Well I turn around to look at you, you light a cigarette,
I wish I had the guts to bum one, but we've never met,
And I hope that I don't fall in love with you.
I can see that you are lonesome just like me,
And it being late, you'd like some some company,
Well I turn around to look at you, and you look back at me,
The guy you're with has up and split, the chair next to you's free,
And I hope that you don't fall in love with me.
Now it's closing time, the music's fading out
Last call for drinks, I'll have another stout.
Well I turn around to look at you, you're nowhere to be found,
I search the place for your lost face, guess I'll have another round
And I think that I just fell in love with you.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
Cada vez mais igual
Já disseram que o meu problema era que eu era muito profundo o tempo inteiro: "a vida tem que ser mais leve, cara".
Já ouvi também que eu deveria dar mais atenção para o que importava, que levar a vida na flauta não me daria futuro algum.
Muita brincadeira, Escobar!
Muito sério, Escobar.
Com algumas moças, me senti o Johnny Depp. Com outras, o Mr. Bean.
Com outras, fui o Woody Allen. Com outras ainda, o Rocco.
Já brinquei de conquistador à moda antiga, dos que mandam flores e bonbons e já brinquei de malandro, "deixa a moça se preocupar um pouco".
Já disseram que eu precisava perder peso e, dias depois, me disseram que eu estava muito magro.
Já fiz muito drama e já fiz muita comédia.
Já me importei muito demais com todo mundo: "pensa mais em você, querido", e outro dia, pasmo, escutei: "você gosta de alguém nessa vida?".
Já fui cabeludo e já raspei a cabeça.
Já estive contra e já estive a favor.
Já fui metódico e já fui caótico.
Já li revista VIP e já li Dostoievski.
Dalai Lama e Bukowski ao mesmo tempo.
Já fui no psicólogo, no enólogo, no teólogo e no astrólogo.
Engraçado. Quanto mais eu mudo, mais eu continuo o mesmo.
quarta-feira, 4 de março de 2009
segunda-feira, 2 de março de 2009
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Everybody knows
"It's been a long time, about 15 years since I was on stage – when I was 60, a young kid with a crazy dream."
"A Thousand Kisses Deep"
The ponies run, the girls are young,
The odds are there to beat.
You win a while, and then it’s done –
Your little winning streak.
And summoned now to deal
With your invincible defeat,
You live your life as if it’s real,
A Thousand Kisses Deep.
I’m turning tricks, I’m getting fixed,
I’m back on Boogie Street.
You lose your grip, and then you slip
Into the Masterpiece.
And maybe I had miles to drive,
And promises to keep:
You ditch it all to stay alive,
A Thousand Kisses Deep.
And sometimes when the night is slow,
The wretched and the meek,
We gather up our hearts and go,
A Thousand Kisses Deep.
Confined to sex, we pressed against
The limits of the sea:
I saw there were no oceans left
For scavengers like me.
I made it to the forward deck.
I blessed our remnant fleet –
And then consented to be wrecked,
A Thousand Kisses Deep.
I’m turning tricks, I’m getting fixed,
I’m back on Boogie Street.
I guess they won’t exchange the gifts
That you were meant to keep.
And quiet is the thought of you,
The file on you complete,
Except what we forgot to do,
A Thousand Kisses Deep.
And sometimes when the night is slow,
The wretched and the meek,
We gather up our hearts and go,
A Thousand Kisses Deep.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Chuva de verão
Caiu como chuva de verão na minha cabeça preocupada.
Veio quando eu não estava esperando, sem meu guarda-chuva de frases prontas na mochila.
Chuva forte, vinda de longe, longe, intensa, alaga tudo e o que se pode fazer é acender um cigarro e observar, de olhos arregalados.
O mundo, seco, difícil de respirar, de repente está transformado;
o asfalto, antes quente e inóspito, de repente reflete todas as luzes do mundo.
Duas semanas.
A chuva acabou.
O sol quer castigar de novo.
Sobrou só a lembrança.
Impossível ter a chuva para si.
I love you but...
Direto do país da frase pronta: "o amor é capaz de superar tudo". Uma grande burrice popular, como todos sabemos e provavelmente já sentimos na pele, não importando muito em que lado do pé na bunda estejamos. Tenho pensado ultimamente justamente sobre isso.
No grande multiverso dos relacionamentos humanos, amor é simplesmente mais um fator a ser considerado, no meio dos outros milhões que formatariam o hardware de uma relação. Histórias amorosas pregressas, família, religião, pode colocar tudo nesse saco. Nesse raciocínio, o amor ainda pode existir no fim de um relacionamento, o que normalmente só ajuda a complicar tudo. Convenhamos, se o amor acaba (e se acaba, acaba sempre de um lado primeiro. A segunda pessoa é simplesmente informada) as coisas ficam mais claras e simples (não necessariamente mais fáceis): eu não te amo mais, tenha uma boa vida.
Se o amor que existia antes ainda está lá, metamorfoseado em alguma coisa nova que seja, o embaço generalizado está automaticamente instalado. I love you but..... O but é a grande sacada nesse caso. O but vai ser o que vai te fazer perder o sono, ficar visualizando todas as milhares de possibilidades que poderiam ter acontecido, aquela pulga na sua orelha dizendo o quanto você poderia ter feito as coisas de um jeito diferente e, de novo, não importa se você entrou com o pé ou com a bunda.
Temos sempre a tendência em simpatizar com o perdedor, com o que está por baixo. Talvez pela pretensa sensação de superioridade ou alívio que sentimos ao perceber que não somos nós quem estamos naquela situação naquele momento - a nossa dor sempre dói muito mais, não? - e, do alto do nosso morrinho de experiência e sabedoria, podemos exercer nossa compaixão com o necessitado do momento. O que tenho pensado nos últimos dias é como lidar com o suposto "vencedor" de um combate desses, o que mandou o outro passear, o que teve coragem de terminar um relacionamento moribundo, o que saiu andando. A dor também está lá nesse caso, caso alguém queira saber. E esse terminar muitas vezes vem acompanhado, além do supracitado amor, da vergonha de ter desistido, de ter sido o fraco. O chutado não tem muita escolha além de aceitar sua sina, afinal.
Volto nesse assunto em breve. A idéia é alimentar mais e melhor esse meu cantinho de idéias.